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Arriando sua sunga e o forró pop

Pedro José, criança feliz por ser namorado da menina marfofadomundomeudeujodoshéu!, aqui no dia das crianças para trazer a vocês um texto interessante que recebi por e-mail


Dica da Larissa Tainah ;D



O texto é uma crítica escrita pelo Arriando Sua Sunga (aka Ariano Suassuna) e fala sobre o forró da atualidade

Gostei muito da abordadem dele ^^


Fikdik


'Tem rapariga aí? Se tem, levante a mão!'. A maioria, as moças, levanta a mão. Diante de uma platéia de milhares de pessoas, quase todas muito jovens, pelo menos um terço de adolescentes, o vocalista da banda que se diz de forró utiliza uma de suas palavras prediletas (dele só não, e todas bandas do gênero). As outras são 'gaia', 'cabaré', e bebida em geral, com ênfase na cachaça. Esta cena aconteceu no ano passado, numa das cidades de destaque do agreste (mas se repete em qualquer uma onde estas bandas se apresentam). Nos anos 70, e provavelmente ainda nos anos 80, o vocalista teria dificuldades em deixar a cidade.
Pra uma matéria que escrevi no São João passado baixei algumas músicas bem representativas destas bandas. Não vou nem citar letras, porque este jornal é visto por leitores virtuais de família. Mas me arrisco a dizer alguns títulos, vamos lá: Calcinha no chão (Caviar com Rapadura), Zé Priquito (Duquinha), Fiel à putaria (Felipão Forró Moral), Chefe do puteiro (Aviões do forró), Mulher roleira (Saia Rodada), Mulher roleira a resposta (Forró Real), Chico Rola (Bonde do Forró), Banho de língua (Solteirões do Forró), Vou dá-lhe de cano de ferro (Forró Chacal), Dinheiro na mão, calcinha no chão (Saia Rodada), Sou viciado em putaria (Ferro na Boneca), Abre as pernas e dê uma sentadinha (Gaviões do forró), Tapa na cara, puxão no cabelo (Swing do forró). Esta é uma pequeníssima lista do repertório das bandas.
Porém o culpado desta 'desculhambação' não é culpa exatamente das bandas, ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. E aí faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se. Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas da turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de 'forró', parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde. Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos alternativos de Belgrado. Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina 'forró estilizado' continua de vento em popa. Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável, e merecedor de maior atenção.
Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem 'rapariga na plateia', alguma coisa está fora de ordem. Quando canta uma canção (canção?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é 'É vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!', alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos.

Ariano Suassuna






Enfim, gente, por enquanto é isso ^^
Gostei bastante disso aí e queria compartilhar com meus brodi panzepimbeiros ^^



Chauzin ^^V


BeijosmeliguemeAmanda,eusóprecisodoteusorrisoparamesentirbem^^




*Câmbio e dirligo*

5 comentários:

Juss disse...

Uma das abordagens mais críticas e bem fundamentadas que eu já li sobre forró. Concordo em tudo que o Mr. Autodacompadecida disse. Que bom que não sou só eu que penso assim...
=]

Leo disse...

Por isso que eu escuto metal!!!

Leo disse...

Mas sério.... O assunto em questão não é a preferencia de um estilo a outro, nem pituinhas musicais, o negócio é muito sério. Essas bandas de forró fazem muuuuuuito sucesso e vendem muuuuuuuuuuuuuito no nordeste e no Brasil. É um elogio pra eles ser chamado de mauricinho, playboy ou piriguete, rapariga, coisas inaceitaveis há uns bons 20 anos atrás. Sabe-se lá que moral esses "artistas" estão ajudando a moldar.

Carlitos Pinheiro disse...

Minha opinião é mais ou menos a que eu dei sobre o post do "todo enfiado":
Se essas bandas têm sucesso um dos grandes responsáveis é o público que aprova e consome esse tipo de valor.

A mídia de massa também contribui pra isso. Uma vez que esses caras ganham um espaço da porra na mídia.

Me lembro que um tempo desse o Felipão q foi citado ganhou um bloco inteiro no Jornal do Meio Dia pra divulgar o show deles. E olha que não estou falando de programas de auditório nem das rádios que promovem esse tipo de banda, era um JORNAL meus amigos u.u'.

Enfim como diria o filósofo Gil Brother "é incrivel como as pessoas trocam as coisas simples da vida por valores que não tem nada a ver"

Ágda Sarah disse...

é triste saber que o povo escuta tudo o que lançam... se eles tivessem um pouco mais de consciência procurariam ouvir algo que ao menos diga alguma coisa de futuro!

tow com o Suassuna e não abro!

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